quarta-feira, 8 de outubro de 2008


Justiça...


Ainda lembro, de quando era criança... Quando aos 8 anos passei a dizer, sob orientação do pai, que ao crescer queria ser Advogada, para defender pessoas... Já naquela época, ouvia que meu potencial tinha que ser utilizado profissionalmente, pois encontrava respostas fáceis para tudo o que falavam e, papai amava esta “virtude”.
Os anos foram passando e eu, afirmava convicta que o direito seria a área de atuação em toda a minha vida. Dentro do direito, a promotoria. Por quê? Para provar a fragilidade dos argumentos de quem tentasse ludibriar a justiça...
Sem me deter demasiadamente aos detalhes, posso dizer que me graduei em enfermagem, na Universidade federal de Santa Maria, no ano de 2002. A universidade pública e as dificuldades financeiras da época de acadêmica foram fatores muito importantes em minha formação, para toda a minha vida... Tornei-me uma apaixonada pela saúde, pelas questões sociais e políticas. Superei dificuldades inimagináveis e aí, perdi o limite do impossível...
Em 2004 me pós-graduava em obstetrícia e em 2008, em saúde pública. Esta era a linha de confluência entre o desejo de “advogar” da infância e a realidade social... Percebi que este era meu verdadeiro porque de existir: ajudar, apoiar, trabalhar para diminuir a dor e potencializar a voz dos que já não tinham mais como gritar...
Na saúde Pública, atuando na gestão de uma das maiores secretarias de saúde do estado de santa Catarina, conheci a política mais intimamente. Passei a ver que a motivação das pessoas sempre pode estar relacionada com seus próprios interesses, que o coletivo perde importância para pessoas que focam sua vida exclusivamente no privado e que o marketing pode ser mais estratégico do que a verdade. Isto é justo?
Passei a presenciar realidades cruéis, comportamentos desumanos, situações aonde princípios que sempre conservei comigo, pareciam não ter qualquer valor para algumas pessoas. Aprendi que minha ideologia política, de apoio a uma classe economicamente favorecida, capitalista, que cria que “eu” era a responsável por êxito ou fracasso de minha vida, era frágil... Vislumbrei uma nova realidade, que somava as lições do SUS aprendido na Universidade Federal, às adversidades extremas superadas na vida e a vontade de vencer no coletivo, que me trazia um novo suporte de idéias e me fez desejar defender e apoiar idéias análogas, tornando-me praticamente uma socialista. Da infância de classe alta, capitalista e burguesa, só restava à certeza de saber o que não servia mais para minha vida, estruturada em cima de ideologias fortemente defendidas.
Este processo de catálise estava completo e a busca pelo social estava cada dia mais forte em mim. Sabia que tinha uma grande aptidão política também e senti como se tudo que tivesse estudado até hoje, não fosse o principal, mas servisse de apoio à verdadeira vocação diplomática.

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